Mais do que um momento específico, faz parte da vida!
Ainda existem dúvidas sobre o que é a menopausa - no "google trend" a palavra menopausa é uma das mais pesquisadas. E, por isso, importa desfazer mitos! Mais do que um momento específico na vida de uma mulher, a menopausa é um período muito abrangente e em constante evolução. Não chega de repente, nem de um dia para o outro ou sem qualquer aviso. É antes um processo natural que pode durar vários anos e que pode ser diferente de pessoa para pessoa – não somos todas iguais, certo?

Em termos gerais, ocorre habitualmente entre os 45 e os 55 anos, é definida após um ano de ausência de período menstrual, sem outra causa suspeitada e demonstrável, e está associada ao fim da capacidade de reprodução, pois os ovários da mulher deixam de produzir óvulos.
A menopausa é considerada precoce quando tem o seu início antes dos 45 anos, mas depois dos 40. Por outro lado, esta pode ser tardia se acontecer após os 55 anos.
O período da vida da mulher de transição entre o pleno potencial e a incapacidade reprodutiva, ao longo do qual ocorre um declínio progressivo da função ovárica, é chamado de climatério e pode estar associado a um conjunto de sinais e/ou sintomas (irregularidades menstruais, afrontamentos, suores noturnos, alterações do humor e do sono, entre outros).
Contudo, esses sintomas podem ser pouco acentuados ou mesmo não interferir de forma significativa com a vida da mulher. Em Portugal, por exemplo, sabe-se, num estudo feito pela Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia sobre os «Conhecimentos e perceções sobre a menopausa em mulheres dos 45 aos 60 anos», que mais de metade das mulheres portuguesas que não procuram o médico referiram que "a menopausa não afetou a sua vida diária".
Um processo natural que vai da perimenopausa ao pós-menopausa
As mudanças físicas na mulher podem começar anos antes do diagnóstico de menopausa. A essa fase de transição chama-se perimenopausa. É um período de tempo variável, entre 4 a 8 anos, e considera-se que termina um ano após a última menstruação.
Muitas mulheres não relatam alterações físicas durante a perimenopausa, exceto períodos menstruais irregulares. Outras, por outro lado, experimentam sintomas de afrontamentos, suores noturnos e afinamento e secagem do tecido vaginal, que pode tornar o sexo doloroso. A gravidade dessas alterações corporais varia de mulher para mulher, mas na maioria das vezes essas mudanças são perfeitamente naturais e normais.
Nos países industrializados, a idade média de início da perimenopausa é de 47,5 anos. Contudo, esta é uma média altamente variável.1
Já o pós-menopausa é o período que se inicia com a última menstruação. Este pode ser precoce, até 6 anos após a última menstruação, e tardio, os restantes anos. Por esse motivo, o sangramento vaginal após a menopausa não é considerado normal e pode mesmo significar um problema de saúde sério.2
Após a menopausa já não é possível engravidar, pois os ovários produzem níveis muito baixos de estrogénio e progesterona. Contudo, os sintomas associados à menopausa podem durar vários anos mesmo após a menopausa.
A fraca produção hormonal pode favorecer o aparecimento de determinados riscos na saúde da mulher, nomeadamente doenças cardíacas ou osteoporose.
Corpo e mente podem sofrer mudanças. Mas há soluções para isso!
Embora seja um evento natural, a menopausa pode estar associada a sintomas que interferem com o bem-estar físico e emocional, podendo mesmo limitar o desempenho das atividades quotidianas, precisamente numa fase da vida da mulher em que esta desempenha um papel importante, não apenas ao nível pessoal e familiar, mas também profissional. Mas, a boa notícia é que todos esses sintomas têm solução!
Os níveis baixos e variáveis das hormonas produzidas pelos ovários, particularmente o estrogénio, estão na origem dos sintomas da menopausa. A curto prazo podem surgir sintomas vasomotores (afrontamentos, suores noturnos), alterações do sono e também emocionais. Já a médio prazo podem surgir manifestações genitais e urinárias – chamado síndrome génito-urinário. Como repercussões mais tardias são de destacar as complicações cardiovasculares ou ao nível do esqueleto, como a osteoporose.
Os sintomas relacionados com a menopausa que mais preocupam as mulheres portuguesas são o aumento de peso, ansiedade/depressão e calores/afrontamentos, segundo um estudo desenvolvido pela Secção de Menopausa da Sociedade Portuguesa de Ginecologia sobre os "Conhecimentos e perceções sobre a menopausa em mulheres dos 45 aos 60 anos".
Por outro lado, e de acordo com o mesmo estudo, "a maioria das mulheres que já está na menopausa (56,2%) refere que os sintomas da menopausa interferiram com a sua vida diária e procurou um médico, sendo o ginecologista o mais procurado".

Primeiro sinal são os ciclos menstruais irregulares
Os primeiros sinais da menopausa são as alterações no habitual ciclo menstrual, estando as mesmas relacionados com a carência hormonal de progesterona, e, mais tarde, também falta de estrogénio. A tendência é para um aumento da duração dos ciclos, ausência de menstruação e, frequentemente, um padrão de hemorragia anómala. Neste último caso é essencial a exclusão de outras patologias.

Afrontamentos e suores noturnos? É natural!
É frequente o surgimento de afrontamentos ou suores noturnos na transição para a menopausa (perimenopausa), podendo estes interferir com o sono. São, no fundo, episódios de vasodilatação cutânea da parte superior do tronco, pescoço e face, e apresentam uma duração e frequência variável.
Começam com uma sensação súbita de calor, que dura cerca de 2 a 4 minutos, e que é associada habitualmente a sudorese intensa e, ocasionalmente, a palpitações, seguida por vezes de calafrios, tremores e sensação de ansiedade.
Em primeiro lugar saiba que não está sozinha! Este é uma das situações mais comuns. Depois, existem terapêuticas de reposição hormonal que podem ajudar – e muito! – a controlar estes sintomas.

Alterações da memória e do humor? Experimente o hobby que sempre desejou!
São vários os estudos que indicam que a perimenopausa e a pós-menopausa estão associadas a uma diminuição da memória verbal, bem como da capacidade de concentração.
Outras investigações concluíram igualmente que existe uma maior frequência de sintomas depressivos na perimenopausa e menopausa precoce. Uma das explicações reside no facto de os estrogénios mediarem funções que estão dependentes do hipocampo e do córtex pré-frontal - estruturas do cérebro consideradas como fundamentais para a memória, personalidade e comportamento.
O fundamental é mesmo manter-se positiva e, se necessário, falar com o seu médico/a, pois existem soluções farmacológicas e comportamentais, nomeadamente a mudança para um estilo de vida mais saudável, com o início regular da prática desportiva, ou iniciar o hobby que sempre desejou fazer, por exemplo.

Insónias? É possível evitar noites mal dormidas!
É sabido que o sono se deteriora com o passar dos anos, quer na sua qualidade, quer quantidade, sendo frequentes as queixas de dificuldade em adormecer, acordar frequentemente durante a noite, despertar precocemente ou mesmo ter a sensação de que o sono não foi reparador.
De facto, a insónia é um sintoma frequentemente referido pelas mulheres que estão quer na perimenopausa, quer na pós-menopausa. Contudo, é de salientar que a qualidade do sono pode ser afetada por sintomas como afrontamentos e suores noturnos, alterações dos níveis hormonais, alterações do humor ou condições médicas associadas e estilo de vida.
Felizmente, se estas condições forem atenuadas com a terapêutica adequada e se o estilo de vida for modificado, também o padrão de sono pode ser significativamente melhorado!

Osteoporose é mais frequente, mas evitável!
A idade e os baixos níveis de estrogénio contribuem para o surgimento da osteoporose, uma doença esquelética que aumenta o risco de fratura e que se carateriza pela diminuição da massa óssea, alterações da microarquitectura e fragilidade esquelética. Após a menopausa há uma aceleração da perda de massa óssea, mais intensa nos primeiros 5 anos.
De destacar que esta é uma doença que não apresenta sintomas, até acontecer a primeira fratura. Quando acontece, a fratura aumenta a incapacidade funcional, dor ou deformidade física e está mesmo associada a risco de vida.

Manifestações genitais e urinárias podem ser contornadas com o tratamento certo!
A síndrome génito-urinária da menopausa inclui um conjunto de sintomas associados à diminuição do nível de estrogénios e de outras hormonas sexuais, envolvendo alterações dos grandes e pequenos lábios, clitóris, vestíbulo/introito, vagina, uretra e bexiga.
Entre as queixas mais frequentes estão a secura, ardor e irritação local; sintomas sexuais como ausência de lubrificação, desconforto ou dor dificultando o ato sexual; e sintomatologia urinária como urgência e infeções urinárias recorrentes.
Muitas mulheres consideram que estas queixas, como as dores durante as relações sexuais ou o desinteresse sexual, são inevitáveis no decorrer da idade e que não há solução, o que está errado. A maioria das mulheres, nos dias de hoje, vive mais de um terço da sua vida na menopausa, e não há razão para viver com estes sintomas tanto tempo! Até porque a maioria deles podem ser aligeirados ou mesmo desaparecer!
Existem inúmeros tratamentos disponíveis como a terapêutica com estrogénios locais, ou seja, aplicação vaginal na forma de creme, gel, ou comprimidos, com perfis de segurança muito favoráveis. Há também outras opções disponíveis não hormonais nas formas de creme e óvulos vaginais.

Mudanças na vida sexual? Tudo tem solução!
A idade e a diminuição dos níveis de estrogénios podem afetar a função sexual e qualidade de vida. Contudo, é de considerar que também outros fatores psicológicos, como a diminuição da autoestima associada à mudança da imagem corporal, por exemplo, podem também afetar a vida sexual nesta fase.
É frequente um decréscimo na atividade sexual devido à diminuição do desejo, bem como devido à dispareunia - a dor persistente e recorrente durante o coito - e que resulta da atrofia e menor lubrificação vaginal devido à redução dos níveis dos estrogénios.
Toda esta situação é, felizmente, reversível, caso a mulher não se sinta confortável com a situação. O seu médico poderá indicar-lhe formas de tornar a sua vida sexual mais plena e menos dolorosa!

A pele mudou? Faça o "lifting" que já andava a pensar há algum tempo!
Após a menopausa dá-se uma diminuição significativa do colagénio (proteína responsável pela firmeza e elasticidade da pele). Por esse motivo, é frequente após a menopausa uma aceleração no envelhecimento da pele, bem como o aumento das rugas.
Se já anda a pensar há algum tempo no tal "lifting", ou algum outro tratamento estético, se calhar chegou a hora de colocar a ideia em prática! Escolha uma clínica homologada, credenciada e… avance! Pequenos detalhes poderão fazer toda a diferença!

Alterações cardiovasculares e metabólicas? A prevenção como arma!
Com a idade, a doença cardiovascular aumenta consideravelmente, sendo a principal causa de morte na pós-menopausa. Por outro lado, é sabido que as mudanças hormonais associadas ao aumento dos níveis de colesterol e dos triglicerídeos promovem o aumento do risco cardio e cerebrovascular, sendo igualmente frequente o aparecimento de hipertensão arterial, bem como de diabetes tipo 2 nesta fase da vida.
As alterações hormonais da menopausa estão também associadas a um aumento da circunferência abdominal, sendo que a percentagem de massa gorda também aumenta nas mulheres com índice de massa corporal normal, na transição da menopausa.